Conheça mais sobre essa doença que afeta mulheres em idade reprodutiva
A adenomiose é uma doença benigna relativamente comum em mulheres entre 40 e 50 anos. Nela, o tecido que reveste o útero, chamado de endométrio, cresce na parede uterina (miométrio). Isso pode fazer com que o útero dobre ou triplique de tamanho. Estima-se que uma em cada dez mulheres no mundo tem adenomiose.
Para saber quais as causas, os sintomas e os tratamentos para adenomiose, continue a leitura deste texto.
Médico especialista em Adenomiose: Dr. Caio Lett
O que é adenomiose?
A adenomiose é uma condição que ocorre quando o tecido que reveste o útero cresce na parede muscular do órgão, chamada de miométrio. O tecido ainda se comporta como se revestisse o útero, por isso engrossa e sangra com o ciclo menstrual.
Causas e fatores de risco da adenomiose
As causas da adenomiose ainda não são esclarecidas, no entanto algumas teorias para explicar o surgimento da doença incluem:
- Cirurgias: incisões uterinas feitas durante uma operação, como uma cesariana, remoção de miomas ou curetagem, podem facilitar a migração das células endometriais para a parede do útero;
- Acredita-se que o tecido endometrial pode ser depositado no útero quando o órgão está em formação, ou seja, durante a gestação de um bebê do sexo feminino;
- Fatores hormonais: a atividade hormonal dos ovários e a produção de estrogênio podem estar relacionadas à adenomiose.
Dentre os fatores de risco, destacam-se:
- Idade (a adenomiose surge com mais frequência em mulheres entre 40 e 50 anos);
- Ter dado à luz pelo menos uma vez;
- Ter endometriose;
- Obesidade;
- Menarca precoce;
- Histórico de adenomiose na família.
Quais os tipos de adenomiose?
A adenomiose se divide em dois tipos:
Adenomiose focal: os focos se localizam em uma região específica do miométrio, formando nódulos parecidos com miomas uterinos.
Adenomiose difusa: caracterizada pela presença generalizada de tecido endometrial na musculatura do útero. É o tipo mais frequente da doença.
Principais sintomas da adenomiose
Em alguns casos, a adenomiose pode não causar nenhum sinal ou sintoma, apenas um leve desconforto na região abdominal. No entanto, quando estes surgem, são comuns:
- Sangramento menstrual intenso ou prolongado;
- Cólicas intensas ou dor pélvica aguda durante a menstruação (dismenorreia);
- Dor pélvica crônica;
- Sensação de inchaço ou peso abdominal;
- Dor durante as relações sexuais (dispareunia);
- Infertlidade.
Adenomiose e endometriose: qual a diferença?
Tanto a adenomiose quanto a endometriose causam sintomas semelhantes, no entanto são condições distintas. Ambas são distúrbios do trato reprodutivo feminino, mas são condições diferentes e que requerem tratamentos diferentes.
A adenomiose ocorre quando o tecido endometrial cresce na parede do útero. Já a endometriose ocorre quando o tecido endometrial cresce fora do útero. Pode crescer nas tubas uterinas, nos ovários, na vagina, na bexiga ou mesmo nos intestinos.
Relação entre adenomiose e infertilidade
A adenomiose figura como uma das causas de infertilidade entre as mulheres, pois a doença pode levar a alterações no útero, dificultando a implantação do embrião. Além disso, ela aumenta os riscos de aborto espontâneo e parto prematuro.
Adenomiose e miomas estão relacionados?
Assim como ocorre com a endometriose, a adenomiose não tem relação com os miomas uterinos, que são uma condição benigna que cresce em diferentes partes do útero.
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Como é realizado o diagnóstico?
Algumas outras condições uterinas podem causar sinais e sintomas semelhantes aos da adenomiose, o que pode dificultar o diagnóstico da doença. Essas condições incluem tumores fibroides (leiomiomas), endometriose e pólipos uterinos.
Assim, o diagnóstico definitivo de adenomiose só pode ser obtido depois que o médico descartou essas outras condições.
Esse diagnóstico é obtido através de:
- Avaliação de sinais e sintomas;
- Exame pélvico para avaliar se o útero está aumentado;
- Exames de imagem, como ultrassonografia e ressonância magnética. Esses exames podem detectar sinais de adenomiose, mas a única maneira de confirmar isso é examinar o útero após uma histerectomia;
- Biópsia, em alguns casos.
Quais os tratamentos para adenomiose?
As opções de tratamento da adenomiose incluem:
- Medicamentos anti-inflamatórios para controle da dor. Ao iniciar esse tipo de medicamento um a dois dias antes do início da menstruação e tomá-lo durante a menstruação, o fluxo sanguíneo pode ser reduzido, o que ajuda a aliviar a dor.
- Medicamentos hormonais, como pílulas anticoncepcionais combinadas de estrogênio e progesterona ou adesivos contendo hormônios ou anéis vaginais podem diminuir o sangramento intenso e a dor associada à adenomiose. A contracepção somente de progesterona, como um dispositivo intrauterino, ou pílulas anticoncepcionais de uso contínuo geralmente causam amenorreia — a ausência de períodos menstruais —o que pode proporcionar algum alívio.
- Medicamentos não-hormonais: medicações como o ácido tranexâmico podem reduzir a quantidade de sangramento vaginal.
- Cirurgia: existem dois tipos de cirurgias que podem ser indicadas para tratamento da adenomiose — a adenomiomectomia e a histerectomia.
A adenomiose geralmente desaparece após a menopausa. Assim, a indicação de tratamento pode depender de quão perto a mulher está dessa fase da vida.
Quando o tratamento cirúrgico é recomendado?
A adenomiomectomia é indicada quando os sintomas não foram resolvidos com os tratamentos medicamentosos. Essa cirurgia remove os focos de adenomiose do músculo uterino. A vantagem em relação à histerectomia é que a adenomiomectomia permite uma gestação no futuro.
Quando a retirada do útero (histerectomia) é indicada?
A única maneira de curar definitivamente a adenomiose é com uma histerectomia (cirurgia para remover o útero). O procedimento é indicado quando os sintomas são considerados graves ou quando a mulher não deseja engravidar. O procedimento pode envolver a remoção do útero apenas ou do útero e o do colo do útero. A remoção dos ovários não é necessária para controlar a adenomiose.
Fontes:
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo)